sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022
O que era para ser um protesto de uma determinada categoria de repente se transformou em uma das maiores greves de caminhoneiros do Canadá (e da América do Norte) e agora ameaça a já delicada situação de abastecimento dos Estados Unidos e do Canadá.
Tudo começou quando, no final de janeiro, caminhoneiros canadenses decidiram protestar contra as rígidas restrições sanitárias impostas no país e contra o passaporte sanitário, exigido tanto no Canadá, quanto para cruzar a fronteira para os Estados Unidos.
O plano era seguir em comboio de British Columbia, na costa Oeste, até Ottawa (Capital do Canadá), na costa Leste, onde fica o parlamento canadense e a residência do Primeiro Ministro, Justin Trudeau.
No entanto, durante o percurso o grupo ganhou milhares de apoiadores: eram dezenas de pessoas à beira da estrada e em pontes, com cartazes de agradecimentos, bandeiras do Canadá e mensagens contra as restrições, além da adesão de aproximadamente 50 mil caminhões, que juntos, formaram uma fila indiana de 70 quilômetros. Tudo isso num frio que chegou a -15ºC.
Quando enfim chegaram a Ottawa, a defesa pelas bandeiras erguidas pelos caminhoneiros ganhou ainda mais adesão e formou-se uma grande multidão bloqueando o centro da cidade inteiramente. Pessoas de todas as idades e etnias se juntaram, levando comida, combustível e até mesmo oferecendo abrigo e roupas lavadas aos caminhoneiros.
O governo tentou intervir, decretando estado de emergência. Foi usado o dinheiro do pagador de impostos para bloquear quartos de hotéis na cidade e foram ameaçadas de prisão pessoas que levassem comida e/ou combustível aos caminhoneiros. O resultado foram dezenas de pessoas chegando ao centro da cidade com galões de combustíveis, confundindo e inviabilizando a ação da polícia.
Então a causa ganhou ainda mais peso: outras cidades registraram grandes protestos, agricultores com seus tratores se juntaram aos caminhoneiros, caminhões bloquearam a entrada de Ottawa e, em seguida, outros caminhões bloquearam a Ambassador Bridge, ponte que liga o Canadá aos Estados Unidos e principal fronteira para troca de suprimentos.
Isso afeta diretamente a cadeia de reabastecimento e comércio de ambos os países. Para se ter uma ideia de como ela é importante, antes do protesto a ponte recebia um tráfico diário de cerca de 10 mil caminhões, representando um quarto de toda troca comercial entre os dois países e $350 a $400 milhões em valor de mercadorias.
Nos Estados Unidos, a cadeia de reabastecimento já está bastante desestabilizada não só pela pandemia, mas também pela falta de trabalhadores. Quando assumiu o governo, o presidente americano, Joe Biden, deu como estímulo um cheque de USD1.400,00 (aproximadamente R$7.000,00) para que pessoas não ficassem desamparadas financeiramente durante a pandemia. O problema é que esse cheque era mais alto do que alguns ganhavam e estes preferiram deixar seus empregos.
Além disso, Biden instituiu um mandato de que toda empresa com mais de 100 funcionários deveria ter vacinação compulsória contra o Covid (medida que caiu em janeiro/22, pela Suprema Corte americana), o que fez com que trabalhadores que não aceitassem se inocular fossem demitidos. O resultado dessas políticas agravou o que já estava ruim e vimos portos cheios de mercadorias e ninguém para levá-las até o ponto de venda.
A adesão da vacinação foi maior no Canadá (90% da população vacinada) do que nos Estados Unidos, onde aproximadamente 64% da população é considerada totalmente vacinada. Isso possivelmente significa que há muitos americanos simpáticos às causas dos caminhoneiros canadenses e não surpreende que há burburinhos sobre um comboio sendo planejado nos Estados Unidos. Se isso acontecer, a cadeia de reabastecimento será ainda mais impactada e os preços, já inflacionados, devem subir ainda mais.
Com a escassez de mercadorias e preços altos, a geração e segurança de empregos em ambos os países pode ser comprometida. Uma vez que há falta de produto no ponto de venda, consequentemente o faturamento dos comerciantes é reduzido, sobrando menos para pagar seus funcionários.
Ainda não há uma perspectiva para o fim do gigantesco protesto, mas duas províncias canadenses, Alberta e Saskatchewan, já anunciaram o fim das restrições e do passaporte sanitário. Nos Estados Unidos, estados liderados por republicanos, como Texas e Florida, há muito tempo já haviam retirado as restrições, mas agora estados democratas como New Jersey e New York anunciaram o fim de algumas regras sanitárias. Esse movimento em ambos os países deve pressionar ainda mais seus líderes, Justin Trudeau e Joe Biden, a acabar com as restrições sanitárias e amenizar a crise de reabastecimento.
Enquanto isso não acontece e a manifestação se prolonga, países importadores de mercadorias americanas, como o Brasil, podem ser impactados com alta de preços das mesmas. Quer saber mais sobre como isso pode afetar a economia por aqui e como se proteger? Nosso time de especialistas está mais do que preparado para ajudar você a entender melhor como se proteger dessas movimentações!
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