quinta-feira, 10 de junho de 2021
O DeFi ou finanças descentralizadas nada mais é que um oferecimento de serviços financeiros através de um blockchain. Semelhantemente ao Bitcoin, o DeFi não precisa de um sistema central para funcionar. Os serviços financeiros no mercado tradicional são realizados através de bancos ou instituições financeiras. No DeFi, por outro lado, temos os serviços sendo executados através de contratos inteligentes. Em suma, contratos inteligentes são aqueles que podem ser executados por si só sem a interferência de juízes ou advogados, por exemplo. Com isso, vemos que o grande foco do DeFi é fazer com que o ecossistema financeiro seja aberto a todos sem a necessidade de confiança em terceiros.
Sem dúvidas, os criptoativos são uma das maiores revelações dos últimos anos. Além de trazerem uma grande mudança em como as pessoas enxergam investimentos e tecnologias, os ativos digitais conseguem resolver diversos problemas do cotidiano de uma forma descentralizada e sem barreiras de entrada. Só para exemplificar, temos o Bitcoin (BTC), principal e primeiro criptoativo, que surgiu em 2008 com o intuito de fazer com que os indivíduos possam ser donos do seu próprio dinheiro. Ou seja, as pessoas não precisam de governos ou bancos para gerirem seu patrimônio. Todavia, a própria evolução do mercado mostrou que o BTC não estava suprindo todas as necessidades monetárias dos indivíduos.
Como resultado desse cenário, surgiram as altcoins, ativos alternativos ao Bitcoin, que atualmente conseguem fazer coisas que o criptoativo primário não consegue. Logo após o surgimento das altcoins, nasceram os tokens, ativos que não possuem um blockchain próprio e estão na rede de um criptoativo. E é justamente nessa terceira onda do mercado que vemos o blockchain, de fato, solucionando os problemas bancários que os indivíduos possuem. Através dos tokens vimos nascer o DeFi, ambiente que consegue vencer as deficiências bancárias com descentralização e transparência.
Agora que você já entende o que é DeFi, precisa saber como pode utilizá-lo em seu dia a dia. O principal ponto desse ecossistema é a possibilidade de conceber e realizar empréstimos. O mercado tradicional ainda coloca uma grande barreira de entrada nas duas pontas. Quem deseja realizar um empréstimo precisa estar dentro dos requisitos da entidade financeira que conta com o fator humano como falha. Já quem deseja conceder o empréstimo precisa estar de acordo com as regulamentações de seu país e isso faz com que a conversa entre mutuário e mutuante fique difícil. Através dos contratos inteligentes, o DeFi consegue quebrar essas barreiras ao não colocar nenhum agente entre os indivíduos que irão realizar a negociação.
Não podemos deixar de apontar que o DeFi oferece a oportunidade de você fazer um seguro de forma mais rápida e mais prática do que o que observamos no mercado tradicional. Através de plataformas de seguros descentralizadas você consegue se proteger de infortúnios, como crash e ataques hacks aos projetos em que está posicionado. Diferentemente do que você está acostumado no “mundo real”, por esses seguros estarem em um contrato inteligente, todos os detalhes são visíveis. Sendo assim, não precisa se preocupar com as famosas letras miúdas.
Uniswap: esse projeto é uma exchange descentralizada. Ele nasceu para trazer a verdadeira descentralização para o mercado de negociação de criptoativos. A Uniswap traz o diferencial de os indivíduos poderem negociar seus tokens sem a necessidade de um intermediário ou sem que eles percam suas chaves privadas. Quando você manda suas criptomoedas para a Binance, por exemplo, elas deixam de estar em sua posse para estar nas mãos de uma corretora. Além disso, precisa se cadastrar na plataforma e oferecer seus dados pessoais, como email, senhas e documentação.
Por outro lado, em uma exchange descentralizada, você não possui nenhum desses trabalhos. Afinal, não precisa se cadastrar e na maior parte dos casos o trade acontece diretamente entre as carteiras de dois usuários. Mais uma vez vemos que o fator intermediário não está interferindo na negociação. Existe uma frase no mercado blockchain que deve sempre estar em sua mente: “Not Your Keys, Not Your Coins”, trazendo para o portugues: “Sem suas chaves, em suas moedas”.
Para que um usuário dessa plataforma consiga um empréstimo de algum pool, ele precisa depositar alguma garantia. Por exemplo, se você tem Ethereum (ETH) e precisa comprar um carro, mas não tem o valor agora e não quer se desfazer de sua altcoin, você pode depositá-la em algum desses pools, pegar o valor e quando devolvê-lo a rede com os juros da plataforma, poderá pegar seu ETH de volta.
Chainlink: essa plataforma é um dos principais projetos DeFi. A Chainlink é um oracle, sistema de gerenciamento de banco de dados, descentralizado que conecta os contratos inteligentes do mercado blockchain com o mundo fora da rede. Os contratos inteligentes não conseguem por si só obter dados de fora da cadeia, como temperatura e clima. Por essa razão, surgiram os oracles descentralizados. Eles recuperam dados de uma fonte fora da cadeia de forma independente e os trazem para dentro da mesma, fazendo com que os contratos inteligentes alcancem seu verdadeiro potencial.
A rede da Chainlink consegue oferecer essa estrutura de forma que os dados de preços fiquem à prova de violação e tenham aleatoriedade verificável. Além disso, os usuários do oracle podem combinar a infraestrutura on-chain e off-chain para criar dApps (aplicativos descentralizados) de alto rendimento e com preservação de privacidade na forma de contratos inteligentes híbridos.
Apesar de vermos que o DeFi possui diversos pontos positivos, não podemos deixar de destacar os desafios que essa tecnologia tão inovadora ainda precisa vencer. Ao olharmos o rastreador DeFi Pulse, veremos que a maior parte dos ativos DeFi estão no blockchain do Ethereum, principal altcoin do mercado. Isso mostra que esses projetos carecem de escalabilidade. Ou seja, não são projetos que possuem uma velocidade de transação rápida, ainda mais quando comparados com grandes players do mercado como Visa e Mastercard. Os ativos que estão na rede do Ethereum não possuem apenas problemas de escalabilidade, mas também de altas taxas de transação. De fato, isso não é nada atrativo para os usuários do ecossistema.
Como o DeFi ainda é uma área recente, ele carece de liquidez, pois está muito longe de ter a que observamos no mercado tradicional, pois o último tem o apoio de bancos centrais. Essa falta de liquidez faz com que os protocolos dessa arena ainda possuam grandes volatilidades, algo que não é adequado para o sistema de empréstimos e seguros. Além disso, temos a complexidade da usabilidade do DeFi. Atualmente vemos que ele não é nada intuitivo e nem fácil de ser utilizado, principalmente para um usuário novo do meio blockchain. Sendo assim, vemos que ainda há pontos a serem vencidos para que o DeFi alcance uma adoção global.
Há alguns pontos que devem ser considerados nessa etapa. O DeFi é um setor em desenvolvimento e que possui um grande potencial tecnológico e econômico. Contudo, ninguém pode afirmar até onde sua capitalização de mercado irá chegar. Estudar os projetos e entender como cada um funciona é sua primeira lição de casa. Lembre-se: esse setor não é regulamentado, é extremamente volátil e, em muitos casos, não possui auditoria. O mercado das finanças descentralizadas é interessante e possui muitas possibilidades, mas você não pode esquecer de gerenciar os seus riscos.
Quer saber mais sobre o mercado de DeFi? Me mande uma mensagem para que possamos nos aprofundar mais no tema.
Abs,
Sabrina CoinCidências.
Rua Ernesto Nazaré, 31, Alto de Pinheiros São Paulo - SP, 05459-010
contato@mundoinvest.com.br